domingo, 18 de outubro de 2009

Passando só pra tirar a poeira. Daqui uns dias eu limpo de vez.

domingo, 16 de agosto de 2009

"Deus não rejeita as pessoas. Pessoas rejeitam as pessoas."


Estou virando leitor assíduo do http://solomon1.com
Essa frase linda coloca os pontos nos is e os traços nos ts. O resto é conversa pra belzebú dormir.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Elegia

Pai, perdoa as minhas mãos já tão cansadas
De abrir o véu do templo e procurar
Um vulto, qualquer traço de suas marcas
Mas não encontrar.

Perdoa o coração tão inconstante
E os olhos que não sabem procurar
Pra além dessas janelas embaçadas
Que se abrem ao meu próprio duvidar.

Eu sei que estás aqui e em qualquer canto.
No canto, no sussurro e no orar.
Perdoa o desespero amargo e inútil
De ver-te e não poder te enxergar.




Essa é uma canção que escrevo há mais de dois anos e que acredito que nunca vou chegar a finalizar. Os primeiros versos apareceram assim, sorrateiramente, como um desabafo. E de certa forma o é. Mas também é muito mais que isso. Na superfície, ela carrega essa tristeza de ter os olhos um tanto inúteis e um coração que precisa ser mimado com certezas e provas quase que diariamente. Mas ela revela também a beleza do meu relacionamento com Deus. Não uma beleza que eu mesmo tenha ajudado a criar - o mérito é dEle e apenas dEle. A simples e deslumbrante beleza de poder dizer abertamente que às vezes eu duvido.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A infância de Hitler

Já faz um tempinho que eu e Rosa estamos pensando em ter um...... cachorro. A idéia ainda está amadurecendo e agora, que vamos nos mudar pra um apartameto realmente nosso, estamos pensando seriamente no assunto.Hoje, no início da tarde, minha cunhada chegou com um filhotinho de um mês dentro de uma caixa de sapatos. Ele era lindo. Branco, com uma cara adorável de sono e aquele jeitinho clássico de filhote. "Se vocês quiserem é de vocês". Nem eu nem Rosa escondemos o sorriso.Olhamos pra aquele pedacinho branco de felicidade já tomados por um certo sensação de pertencimento. Ainda com cara de bobo que perguntei de que raça era. "É um poodle". Meu sorriso foi fulminado.

De todas as raças caninas, a poodle é a que menos me agrada. Rosa riria desse meu eufemismo. Eu realmente detesto poodle. O único da espécie que me desperta uma certa simpatia é o Boomer da Pri Novaes. Mas isso é porque ele é um tanto neurótico e acha que é gente. Quase me convence. Bem, lá estava eu com aquele bolinha de pelos nas mãos. Ele tentava morder meu dedo com aquela boquinha banguela enaquento eu pensava que daqui um ano ou menos aquela coisinha linda iria se transformar numa coisa hedionda. Sim. Poodle é um cachorro hediondo. Mas eu sou um cara que se apega a bichos com muita facilidade - e não deu outra. Passei uns bons minutos dando leite, fazendo um carinho na barriga, deixando minha mão ser lambida. Eu ficava repetindo baixinho: por que você tinha que ser um poodle? Se fosse qualquer outra coisa eu ficava com você...

Me senti um tanto desconfortável rejeitando um bicho pelo que ele se tornaria mais adiante. Certamente o fato dela (era uma menina) ser uma poodle não iria impedir que eu me afeiçoasse, mas eu não queria me afeiçoar a um poodle, confesso. Sou um cara estranho, eu sei. Mas quem não é. No resumo da ópera, o bichinho voltou à caixa de sapatos e depois à dona. E aqui estou eu a escrever sobre isso.

Todo mundo sabe que agora é aquela parte em que eu faço dessa experiência um gancho pra falar de algo relacionado a meu relaionamento com Deus. Blog de crente é fogo mesmo - tem sempre que "fazer valer"a postagem. Mas hoje resolvi poupá-los. Quem quiser cavucar algo transcedental, fique à vontade. Quem não quiser, fique tão à vontade quanto. Eu estou tentando escrever com mais frequencia. Assunto não falta; só falta vontade. Sei que apelei no título, mas não me veio nada melhor.

Paro por aqui porque o rivotril já está fazendo efeito.

domingo, 2 de agosto de 2009

Nunca ouvi uma pregação sobre depressão que prestasse. Nunca. Já não tenho mais paciência pra ouvir digressões infidáveis sobre o profeta Elias ou outro personagem bíblico. Se bem que só ouço sobre Elias. Nunca ouvi nenhum pastor tratar a depressão como ela o é de fato: uma doença; de causas objetivas, subjetivas ou orgânicas - mas uma doença. Sempre saio de uma dessas pregações com a impressão de que se trata apenas de um profundo desânimo frente a alguma adversidade.

Uma vez, uma única vez eu gostaria de estar numa igreja em que o pastor que fosse pregar sobre depressão realmente soubesse do que fala. Melhor ainda, eu queria ouvir um pastor depressivo. Um pastor que já tenha perdido a conta de quantas vezes adormeceu e lágrimas ao pedir a cura divina. Um pastor que tenha passado pela fluoxetina, venlafaxina, mirtazapina, aripriprazol, paroxetina - mas sem sucesso algum. Um pastor que busque a Deus na Palavra, na oração e que mesmo assim sinta um angústia tão profunda que só lhe reste desejar a morte.

Quero ouvir um pastor humano.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Terra Fria

Escrevo esse post enquanto assisto North Country (Terra Fria) , um filme simplesmente brilhante. Já está no finalzinho, ou pelo menos parece estar. O filme trata do assédio sexual sofrido por um grupo de mineradoras nos Estados Unidos da década de 80. Desde O caçador de pipas não sinto tanta raiva e repulsa diante de um filme. Agora sobem os créditos e cá estou eu sentado à frente do computador tentando terminar esse post o mais rápido possível. Meus músculos estão tensos e eu me sinto cansado como quem acaba uma luta.E de certa forma o foi. Eu poderia gastar muitas linhas e parágrafos tentando construir uma imagem forte o suficiente pra descrever meus sentimentos, mas ficarei por aqui.

Fico no fundo no fundo até feliz por perceber que não ando tão embrutecido como imagino.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

De toda tristeza que tens,
a que sangra-me a alma
são teus olhos vazios.

Quisera ter nuvens
que te levassem a calma
murmurante dos rios.

Quisera, qual Atlas, às costas
levar teu cansaço
de vida à deriva.

Quisera, em resposta
a todo fracasso
de fazer-te viva,

Levar-te a tristeza
marcada e profunda
de cicatriz.

Mas sobra a aspereza
nauseabunda
do que não fiz.

quinta-feira, 19 de março de 2009

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Não fiz muita coisa nesse carnaval. Quer dizer, eu fiz muita coisa, mas não aquelas que se esperam de um feriado. Eu trabalhei. E trabalhei bastante. Posso dizer até que fiquei em retiro com a minha esposa, com breves saídas ao mercado. E nesse tempo onde normalmente as pessoas se reúnem, ficamos um tanto solitários. Me peguei pensando na dinâmica de algumas amizades que desenvolvi ao longo do tempo.

Eu sou um cara relacional. Gosto de gente e de estar rodeado por elas. Gosto de me sentar sem pressa e me perder numa conversa. As melhores delas romperam muitas madrugadas, principalmente numa pequena ponte de Retiro do Muriaé. Saudosismo à parte, minhas amizades são regadas a café, gargalhadas e, por que não dizer, lágrimas. Apesar de não saber que por que usar (na verdade eu nunca sei e isso envergonha meu bacharelado em Letras na UFRJ), eu sei exatamente por que tenho amigos e me impressiono pela variedade deles.

Tenho um tipo especial de amigo que nunca me liga, mas que sempre está numa eterna disposição de fazê-lo. Ele está sempre a marcar alguma coisa, um encontro, uma conversa, mas raramente marca. Nem preciso dizer o quanto isso me chateia, mas é só me encontrar com ele (eles, na verdade) que minha chateação parece nunca ter existido. Com o tempo, aprendi a não esperar que ele me ligasse, que me convidasse pra algo ou simplesmente que aparecesse de surpresa. Aprendi a aproveitar cada segundo de um eventual encontro. Cada frase, cada riso, cada suspiro. E sempre é bom; mais que bom, na verdade. Fora disso, não espero muita coisa.

Mentira deslavada. A gente sempre espera mais. E o fato de me entristecer ao escrever isso só revela que odeio esse limbo entre os encontros. Odeio o telefone que não toca, a carta que não chega, a voz que não se espalha.

Pronto, desabafei. Beijo, me liga.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Volta pra casa

Aqui estou eu. Frente ao computador. Deixo meus dedos cairem sobre as teclas sem muita pretensão; contando as horas antes do meu voo de volta pra casa.

Durante uma certa fase da vida, casa havia se tornado, de alguma forma, um substantivo abstrato. Quando saí da casa dos meus pais, nenhuma volta significava estar de novo em casa. Quando batia a porta do meu quarto no alojamento da UFRJ, casa era a última definição que eu poderia dar àquele lugar. Quando morei no antigo e saudoso escritório da Cruzada no Rio, quase me senti em casa. Minha correspondência chegava na Rua Grão de Areia e de certo modo eu era feliz. Por seis meses depois eu morei em Niterói. Eu tinha um quarto, um colchão e uma eita de caixas semi-abertas. Todas as coisas que eu possuía cabiam em oito caixas - seis delas de livros.

Esperei mais de oito anos pra me sentir em casa novamente. Sentir o abraço aconchegante das paredes, a segurança emoldurada pelas janelas, o sorriso de portas se abrindo depois de um dia fustigante. Sinto saudade do meu sofá, da minha cama e do meu colchão de molas. Sinto saudade dos meus livros, do meu edredom repleto de palavras. E não haverá nenhuma comparação com o céu ou qualquer alusão espiritualista.

Apenas sinto saudades da minha casa cravada na terra. Minha casa que deve estar repleta de mofo e , se eu der sorte, nennhuma surpresa das chuvas.

O que é responsável por esse sentimento? O que instaura essa sençasão de pertencimento? Não sei. O que importa no momento é a simples sentença: estou voltando pra casa.

domingo, 4 de janeiro de 2009

E o mundo não acabou em 2000

Não sei se alguém se lembra, mas na minha época do primeiro grau, as meninas tinham um caderninho recheado das perguntas mais interessantes. Esse mesmo caderno passava de mão em mão, coletando informações aparentemente aleatórias, mas seu objetivo único era descobrir, ou pelo menos tentar, se o gatinho pelo qual a gatinha estava interessada também correspondia de alguma maneira. Em última instância, ajudava a conhecer melhor as rivais. Tenho pra mim, hoje, que elas me davam o bendito caderno pra preencher simplesmente pra disfarçar, pra mostrar que qualquer menino podia responder e assim mascarar a real intenção.

Auto-estima e ingenuidade à parte, eu me lembro muito bem das perguntas. Entre cores preferidas e outras peculiaridades, havia uma que encerrava toda minha expectativa de vida: "com quantos anos você quer se casar?". A resposta era a mesma em todos os cadernos: 18 anos. Não era um número escolhido ao acaso. Ele havia sido pacientemente estudado, baseado numa profecia apocalíptica.

Eu tinha entre 11 e 12 anos e não sei bem ao certo de onde alguém tirou que na Bíblia falava claramente que o mundo acabaria em 2000. Usavam ainda por cima uma frase com toda pinta de profecia: "A 2000 chegarás, mas de 2000 não passarás". Assim, desse jeito, em segunda pessoa e tudo, quem poderia duvidar da veracidade? Eu pelo menos não duvidava. Meu plano era de uma simplicidade brilhante. Eu me casaria aos 18, teria tempo pra aproveitar todo o sexo abençoado dentro do casamento que o bom Deus me permitiria. Sim, sexo. Nunca conheci alguém que quisesse ir pro céu virgem, mas deve existir; não era o meu caso. Enfim, eu teria 2 anos de diversão e ainda poderia até ter um filho. O bichinho, sendo inocente, iria pro céu na maior moleza. Se houvesse um prêmio nobel pra planejamento familiar, ele seria meu. Definitivamente.

Meus 18 anos chegaram sem casamento, sem sexo e, por dedução lógica, sem filho algum. Com meu plano dando todo errado, só restava orar e torcer pro ano 2000 passar batido. Na época, minha moral com Deus devia estar melhor do que agora, porque o mundo não acabou, como todo mundo sabe. Fico pensando em toda expectativa nutrida pelos meus 18 anos. Ele veio, passou e sumiu e mal deixou lembrança.

Me casei, virgem, aos 27 e agora, aos 28, fico planejando um filho lá pela altura dos 30. Escrevo esse post de Maceió, da casa dos meus sogros, uma cidade que conheci aos 22 e que nem sabia da existência aos 11. Ainda bem que o mundo não acabou em 2000. Eu estava no primeiro período da faculdade, dando graças a Deus por não estar casado e nem ter filhos. Quanto à virgindade...bem...valeu muito a pena esperar. Mas foi dureza. Literalmente.