domingo, 16 de agosto de 2009

"Deus não rejeita as pessoas. Pessoas rejeitam as pessoas."


Estou virando leitor assíduo do http://solomon1.com
Essa frase linda coloca os pontos nos is e os traços nos ts. O resto é conversa pra belzebú dormir.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Elegia

Pai, perdoa as minhas mãos já tão cansadas
De abrir o véu do templo e procurar
Um vulto, qualquer traço de suas marcas
Mas não encontrar.

Perdoa o coração tão inconstante
E os olhos que não sabem procurar
Pra além dessas janelas embaçadas
Que se abrem ao meu próprio duvidar.

Eu sei que estás aqui e em qualquer canto.
No canto, no sussurro e no orar.
Perdoa o desespero amargo e inútil
De ver-te e não poder te enxergar.




Essa é uma canção que escrevo há mais de dois anos e que acredito que nunca vou chegar a finalizar. Os primeiros versos apareceram assim, sorrateiramente, como um desabafo. E de certa forma o é. Mas também é muito mais que isso. Na superfície, ela carrega essa tristeza de ter os olhos um tanto inúteis e um coração que precisa ser mimado com certezas e provas quase que diariamente. Mas ela revela também a beleza do meu relacionamento com Deus. Não uma beleza que eu mesmo tenha ajudado a criar - o mérito é dEle e apenas dEle. A simples e deslumbrante beleza de poder dizer abertamente que às vezes eu duvido.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A infância de Hitler

Já faz um tempinho que eu e Rosa estamos pensando em ter um...... cachorro. A idéia ainda está amadurecendo e agora, que vamos nos mudar pra um apartameto realmente nosso, estamos pensando seriamente no assunto.Hoje, no início da tarde, minha cunhada chegou com um filhotinho de um mês dentro de uma caixa de sapatos. Ele era lindo. Branco, com uma cara adorável de sono e aquele jeitinho clássico de filhote. "Se vocês quiserem é de vocês". Nem eu nem Rosa escondemos o sorriso.Olhamos pra aquele pedacinho branco de felicidade já tomados por um certo sensação de pertencimento. Ainda com cara de bobo que perguntei de que raça era. "É um poodle". Meu sorriso foi fulminado.

De todas as raças caninas, a poodle é a que menos me agrada. Rosa riria desse meu eufemismo. Eu realmente detesto poodle. O único da espécie que me desperta uma certa simpatia é o Boomer da Pri Novaes. Mas isso é porque ele é um tanto neurótico e acha que é gente. Quase me convence. Bem, lá estava eu com aquele bolinha de pelos nas mãos. Ele tentava morder meu dedo com aquela boquinha banguela enaquento eu pensava que daqui um ano ou menos aquela coisinha linda iria se transformar numa coisa hedionda. Sim. Poodle é um cachorro hediondo. Mas eu sou um cara que se apega a bichos com muita facilidade - e não deu outra. Passei uns bons minutos dando leite, fazendo um carinho na barriga, deixando minha mão ser lambida. Eu ficava repetindo baixinho: por que você tinha que ser um poodle? Se fosse qualquer outra coisa eu ficava com você...

Me senti um tanto desconfortável rejeitando um bicho pelo que ele se tornaria mais adiante. Certamente o fato dela (era uma menina) ser uma poodle não iria impedir que eu me afeiçoasse, mas eu não queria me afeiçoar a um poodle, confesso. Sou um cara estranho, eu sei. Mas quem não é. No resumo da ópera, o bichinho voltou à caixa de sapatos e depois à dona. E aqui estou eu a escrever sobre isso.

Todo mundo sabe que agora é aquela parte em que eu faço dessa experiência um gancho pra falar de algo relacionado a meu relaionamento com Deus. Blog de crente é fogo mesmo - tem sempre que "fazer valer"a postagem. Mas hoje resolvi poupá-los. Quem quiser cavucar algo transcedental, fique à vontade. Quem não quiser, fique tão à vontade quanto. Eu estou tentando escrever com mais frequencia. Assunto não falta; só falta vontade. Sei que apelei no título, mas não me veio nada melhor.

Paro por aqui porque o rivotril já está fazendo efeito.

domingo, 2 de agosto de 2009

Nunca ouvi uma pregação sobre depressão que prestasse. Nunca. Já não tenho mais paciência pra ouvir digressões infidáveis sobre o profeta Elias ou outro personagem bíblico. Se bem que só ouço sobre Elias. Nunca ouvi nenhum pastor tratar a depressão como ela o é de fato: uma doença; de causas objetivas, subjetivas ou orgânicas - mas uma doença. Sempre saio de uma dessas pregações com a impressão de que se trata apenas de um profundo desânimo frente a alguma adversidade.

Uma vez, uma única vez eu gostaria de estar numa igreja em que o pastor que fosse pregar sobre depressão realmente soubesse do que fala. Melhor ainda, eu queria ouvir um pastor depressivo. Um pastor que já tenha perdido a conta de quantas vezes adormeceu e lágrimas ao pedir a cura divina. Um pastor que tenha passado pela fluoxetina, venlafaxina, mirtazapina, aripriprazol, paroxetina - mas sem sucesso algum. Um pastor que busque a Deus na Palavra, na oração e que mesmo assim sinta um angústia tão profunda que só lhe reste desejar a morte.

Quero ouvir um pastor humano.