terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Não fiz muita coisa nesse carnaval. Quer dizer, eu fiz muita coisa, mas não aquelas que se esperam de um feriado. Eu trabalhei. E trabalhei bastante. Posso dizer até que fiquei em retiro com a minha esposa, com breves saídas ao mercado. E nesse tempo onde normalmente as pessoas se reúnem, ficamos um tanto solitários. Me peguei pensando na dinâmica de algumas amizades que desenvolvi ao longo do tempo.

Eu sou um cara relacional. Gosto de gente e de estar rodeado por elas. Gosto de me sentar sem pressa e me perder numa conversa. As melhores delas romperam muitas madrugadas, principalmente numa pequena ponte de Retiro do Muriaé. Saudosismo à parte, minhas amizades são regadas a café, gargalhadas e, por que não dizer, lágrimas. Apesar de não saber que por que usar (na verdade eu nunca sei e isso envergonha meu bacharelado em Letras na UFRJ), eu sei exatamente por que tenho amigos e me impressiono pela variedade deles.

Tenho um tipo especial de amigo que nunca me liga, mas que sempre está numa eterna disposição de fazê-lo. Ele está sempre a marcar alguma coisa, um encontro, uma conversa, mas raramente marca. Nem preciso dizer o quanto isso me chateia, mas é só me encontrar com ele (eles, na verdade) que minha chateação parece nunca ter existido. Com o tempo, aprendi a não esperar que ele me ligasse, que me convidasse pra algo ou simplesmente que aparecesse de surpresa. Aprendi a aproveitar cada segundo de um eventual encontro. Cada frase, cada riso, cada suspiro. E sempre é bom; mais que bom, na verdade. Fora disso, não espero muita coisa.

Mentira deslavada. A gente sempre espera mais. E o fato de me entristecer ao escrever isso só revela que odeio esse limbo entre os encontros. Odeio o telefone que não toca, a carta que não chega, a voz que não se espalha.

Pronto, desabafei. Beijo, me liga.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Volta pra casa

Aqui estou eu. Frente ao computador. Deixo meus dedos cairem sobre as teclas sem muita pretensão; contando as horas antes do meu voo de volta pra casa.

Durante uma certa fase da vida, casa havia se tornado, de alguma forma, um substantivo abstrato. Quando saí da casa dos meus pais, nenhuma volta significava estar de novo em casa. Quando batia a porta do meu quarto no alojamento da UFRJ, casa era a última definição que eu poderia dar àquele lugar. Quando morei no antigo e saudoso escritório da Cruzada no Rio, quase me senti em casa. Minha correspondência chegava na Rua Grão de Areia e de certo modo eu era feliz. Por seis meses depois eu morei em Niterói. Eu tinha um quarto, um colchão e uma eita de caixas semi-abertas. Todas as coisas que eu possuía cabiam em oito caixas - seis delas de livros.

Esperei mais de oito anos pra me sentir em casa novamente. Sentir o abraço aconchegante das paredes, a segurança emoldurada pelas janelas, o sorriso de portas se abrindo depois de um dia fustigante. Sinto saudade do meu sofá, da minha cama e do meu colchão de molas. Sinto saudade dos meus livros, do meu edredom repleto de palavras. E não haverá nenhuma comparação com o céu ou qualquer alusão espiritualista.

Apenas sinto saudades da minha casa cravada na terra. Minha casa que deve estar repleta de mofo e , se eu der sorte, nennhuma surpresa das chuvas.

O que é responsável por esse sentimento? O que instaura essa sençasão de pertencimento? Não sei. O que importa no momento é a simples sentença: estou voltando pra casa.