domingo, 8 de fevereiro de 2009

Volta pra casa

Aqui estou eu. Frente ao computador. Deixo meus dedos cairem sobre as teclas sem muita pretensão; contando as horas antes do meu voo de volta pra casa.

Durante uma certa fase da vida, casa havia se tornado, de alguma forma, um substantivo abstrato. Quando saí da casa dos meus pais, nenhuma volta significava estar de novo em casa. Quando batia a porta do meu quarto no alojamento da UFRJ, casa era a última definição que eu poderia dar àquele lugar. Quando morei no antigo e saudoso escritório da Cruzada no Rio, quase me senti em casa. Minha correspondência chegava na Rua Grão de Areia e de certo modo eu era feliz. Por seis meses depois eu morei em Niterói. Eu tinha um quarto, um colchão e uma eita de caixas semi-abertas. Todas as coisas que eu possuía cabiam em oito caixas - seis delas de livros.

Esperei mais de oito anos pra me sentir em casa novamente. Sentir o abraço aconchegante das paredes, a segurança emoldurada pelas janelas, o sorriso de portas se abrindo depois de um dia fustigante. Sinto saudade do meu sofá, da minha cama e do meu colchão de molas. Sinto saudade dos meus livros, do meu edredom repleto de palavras. E não haverá nenhuma comparação com o céu ou qualquer alusão espiritualista.

Apenas sinto saudades da minha casa cravada na terra. Minha casa que deve estar repleta de mofo e , se eu der sorte, nennhuma surpresa das chuvas.

O que é responsável por esse sentimento? O que instaura essa sençasão de pertencimento? Não sei. O que importa no momento é a simples sentença: estou voltando pra casa.

Um comentário:

Miguel Del Castillo disse...

É por isso que, apesar do salto pra Letras, a Arquitetura continua me fascinando.

Um grande abraço,

Miguel