Já perdi a conta (talvez por nunca tê-la feita) de quantos diários já escrevi nessa minha vida. Mas isso não significa que eu tenha terminado algum. Não pensem, por favor, que essa irresponsabilidade literária se estenda por outras áreas da minha vida. Ostento, com certo orgulho, o meu montante de projetos bem terminados. A culpa não é minha; é da prosa.
Sempre me dei melhor com textos concisos, e os meus cadernos de poemas não me deixam mentir sozinho. Na verdade a culpa é da palavra. Não a palavra que se junta a outra e outra nessa minha sitaxe maltrapilha, mas a palavra que você definitivamente não vai encontrar nesse texto. A culpa é da palavra que não encontro. Aquela que, numa espécie de Big Bang (verdadeiro) é capaz de explodir e povoar tudo de significado.
Precisei cursar toda a Faculdade de Letras para descobrir que , no fundo, a minha paixão era pela imagem. " Uma imagem vale mais que mil palavras", diria algum sábio de plantão. Mas é nesse ponto que me sinto acuado, terrivelmente acuado. Não seria a palavra - essa palavra grafada e lida - também uma espécie de imagem que decodifico?
Teorias e sono à parte, estou tentando confessar da melhor maneira possível que [engolindo em seco] tenho uma absurda preguiça em escrever. Sobretudo quando sei que escrevo unicamente pra mim: testemunha ocular de tudo o que me acontece. Não sei se, ao trocar o papel tradicional por esse feito de zeros e uns, me saio melhor. A esperança é a última que morre.
3 comentários:
É isso aí, Renner... Mas nem vem com essa de sintaxe maltrapilha não, héin, malandrinho!!! Pra cima de mim?? Espero deleitar-me com seus textos!! Aparace lá em pretogama.blogspot.com!! Até eu já me rendi!!
Abraço carinhoso!
Ma-ra-vi-lho-so!!! Você sabe que já sou sua fã há muito tempo, mais precisamente no tempo do caderninho!!! Tenho saudades daquelas leituras, então obrigada por permitir que tenhamos acesso aos seus escritos quando bem entendermos!!! Vc está fazendo um bem para a humanidade :) Amei a fluência e a cadência da sua introdução, culpa de quem? do talento do Renner. Detalhe: meu blog chama-se Em busca de sentido e não novadrica!
Boa sorte nesse mundo novo. Espero que você não desista de compartilhar suas palavras (ou a busca por elas) com a gente. Você sabe, além de um desperdicio seria muito egoismo guarda-las para você. Já que esse é o seu primeiro post queria deixar um desafio para te motivar a continuar escrevendo: Junte-se à busca diária de poetas e ilustradores, criar imagens com as palavras e escrever textos com imagens, mas não escolha um dos dois lados. Se você conciliar as duas funções talvez esse dilema se resolva mais rapido.
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