sábado, 10 de março de 2007

Aprendendo a esperar

Deixei Rosa na rodoviária de Itaperuna com o coração mais doído do que das vezes anteriores. Talvez por não ter podido acompanhá-la até o Rio e depois até o aeroporto, onde já vi meu coração ganhar os céus em aeronaves da Gol. E não era em maletas de transplantes cardíacos. É impossível se acostumar e nada te prepara pra esses momentos. Despedidas. Despedidas. Despedidas. Digo assim, três vezes, pra ver se a palavra se dissolve na minha boca e perca o sentido. Mas não perde.

Como foi fácil me acostumar com a sua presença sem me dar conta de que, cedo ou tarde, o inevitável mais uma vez nos seria inevitável. Fácil é acompanhar seu sorriso, respirar o seu suspiro, me aninhar nos seus cabelos. Fácil é querer isso todos os dias por todos os dias da minha vida. Difícil é dizer “até breve” e “o coração entender “ adeus”, e se doer como de adeus fosse. Difícil é a ausência superlativa que me leva às minhas primeiras aulas de teoria literária: "Ausência não é falta. Falta é aquilo que não se tem. Ausência é aquilo que por se ter demais, não cabe no discurso. Extrapola". Fora dos livros a teoria é sempre outra. Ausência é a presença que nos falta e cresce ao nos encher de vazio.

Continuo aqui, à espera da plenitude do encontro, onde o abraço não se aparta e o beijo não se cala. Continuo aqui, a 2180 quilômetros da distância que só irá se completar horas depois de postar esse texto. Contrariando o que muita gente acredita, paciência não é uma das minhas maiores virtudes. Esperar é sempre difícil, mas difícil mesmo é não ter esperança.

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