domingo, 3 de novembro de 2024

Permanecendo como um rio

 Faz 11 anos desde a última vez que escrevi aqui. Parece que foi uma outra vida. De certa maneira, foi mesmo. Seria difícil enumerar, caso fosse preciso, todas as grandes mudanças que me aconteceram nesse meio tempo. Tirei do perfil a foto daquele jovem de 32 anos e a substituí por outra minha aos 42. Nem essa mesma é atual, mas é mais próxima de hoje do que a antiga. Muito mais melasmas no rosto, fios brancos pela barba e cabelo, rugas que aparecem ao redor dos olhos quando sorrio. Em momentos mais melancólicos eu gosto de dizer que a única coisa pior que envelhever é não envelhecer, mas no cotidiano dos dias, gosto muito de ter envelhecido.

hoje tenho 43 e, se meus planos derem certo, completo 44 no fim do ano, seis dias antes de quando Jesus nunca nasceu. Nesse meio tempo, eu perdi uma filha e ganhei um filho. E tudo isso na mesma pessoa. Fiz o meu luto e me reergi. Celebro a beleza serena e calma de quem William é: das pessoas mais doces que eu já conheci nessa vida. Nesse meio tempo eu também perdi outras coisas: perdi a fé de que haja um deus que interaja com sua criatura. Se ele existe, criou as regras do jogo e nos deixou aqui jogando à nossa própria sorte. Engraçado como isso trouxe paz e eu não me sinto mais forçado a acreditar, já que quem me forçava jão não sente mais essa necessidade: eu mesmo.

Vou voltar aqui de vez em quando.

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