domingo, 15 de janeiro de 2012

Oração

E lá se foi 2011. Dezembro passou e junto dele se foram nossos votos e promessas de mudanças. Foi-se também boa parte da frustração das coisas que não alcançamos. 2012 se levanta com o frescor característico das coisas novas. Diante de nós estão os nossos planos, nossos objetivos e uma série de desejos que nos impulsionam. O que vai garantir que 2012 acabe por não terminar como o ano que se passou? Que, ao nos aproximarmos do final de dezembro, estaremos nos sentindo mais agraciados com o que recebemos do que amargurados pelo que deixamos escorrer pelas mãos? Eu não tenho uma resposta objetiva pra essa pergunta. Na verdade, uma série de medidas inundam a minha mente. Muitas delas vão acabar tendo o mesmo destino das minhas resoluções de ano novo: morrer nas primeiras tentativas ou logo que as coisas parecerem mais complicadas e desafiadoras. E lá se vai minha dieta pela enésima vez.

Mas, cá estou eu, pensando sobre essas coisas. Pensando sobre os meus projetos e em como eu vou conseguir inseri-los na minha agenda que se torna cada vez mais massacrante. No processo, veio à minha mente o título de um livro que eu nunca li:"Ocupado demais para deixar de orar". Não sei se o vi em alguma livraria ou se na casa de um amigo. Pouco importa. O que importaria mesmo seria tê-lo lido. Talvez isso tornasse mais fácil minha tentativa de romper com um pensamento malignamente lógico: como orar se estou absurdamente ocupado? Não tenho dúvida alguma que a oração é um daqueles itens que precisam preceder qualquer planejamento. Não tenho dúvidas de que buscar a vontade de Deus e também de verbalizar a minha seja algo imprescindível na minha caminhada. Esse não é o problema. Se não é, qual seria?

Fico aqui tentando reconstruir meus momentos de oração, na tentativa de dissecá-los e analisá-los friamente sob a luz e a lupa. De cara, duas coisas me vêm à mente. A primeira é que a oração parece se estender basicamente às coisas que escapam ao meu controle. A saúde da minha filha, o aperto financeiro, a conversão do meu pai e uma série de outras coisas sobre as quais minha ação direta parece ter muito pouco efeito - ou mesmo nenhum. E isso tristemente significa que a oração é a ação do segundo plano, do que não deu certo, do que não posso resolver ou consertar. Nesse caso, Deus parece ocupar a função da equipe especialista acionada no momento de crise.

A segunda coisa que me passa é a natureza peculiar da oração. Normalmente nos referimos a ela simplesmente como "orar é falar com Deus". E pra muitos (e pra mim em muitas vezes) isso parece encerrar que estamos presos realmente num monólogo. Orar é muitas vezes se deparar com o silêncio - e como nós tememos o silêncio. A resposta simplesmente não vem, ou, se vem, não conseguimos apreendê-la facilmente. Deus responde todas as orações? A resposta é um categórico NÃO. Nem mesmo Jesus teve todas as suas orações respondidas. Muito mais difícil que receber um não é receber o silêncio. E nessas horas, fé pra que te quero.

De todas as maneiras possíveis de alguém se referir a mim, "um homem de oração" vergonhosamente não é uma delas. Disciplina não é uma das minhas maiores virtudes, mas estou me esforçando. Porque orar é muito mais que falar com Deus. Orar é se relacionar com Deus e se há uma coisa na qual eu quero investir todos os meus esforços é em fazer esse relacionamento cada vez mais íntimo.

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