terça-feira, 30 de outubro de 2007

O projeto dos meus sonhos

Ainda guardo viva uma memória bem específica da minha infância: quando eu subia um grande armário de alvenaria para pegar, lá no alto, uma coleção de livros de arte que a minha mãe guardava. Não sei dizer ao certo o que me chamava mais a atenção. Se eram os projetos e exercícios, ou conhecer um pouco da vida e obra de grandes pintores. Não sei se uma pessoa já nasce com inclinação para alguma coisa, mas se isso for verdade, talvez explique o porquê do meu fascínio por arte e literatura. Não me recordo de alguém vir até mim com um livro debaixo dos braços. Sempre era um impulso próprio. Um impulso proporcional à minha paixão.

Vindo de uma família cristã, sempre vi a arte como um forte indício da nossa natureza original em Deus. Nosso desejo de criação como resquício da Criação maior. O Sublime que perspassa o decaído, o desfigurado, o vazio. À época de escolher um curso universitário, eu queria os dois: a literatura e a pintura, mas por um capricho acadêmico, eu precisava escolher apenas um. Como se fosse possível escolher entre matar a sede ou matar a fome, enquanto os dois anseios pulsavam desmedidos na alma. Minha idéia era fazer um curso oficialmente e cursar o outro como ouvinte. Não queria o título, queria o conhecimento. Apesar da Faculdade de Letras e da Faculdade de Belas Artes ficarem em prédios vizinhos, o tempo foi ainda mais caprichoso, e eu me tornei apenas bacharéu em Literatura Brasileira.

Foi justamente cursando Letras que conheci a Cruzada Estudantil e o seu ministério universitário, o Alfa e Ômega. Na companhia de outros universitários amadureci, fortaleci a minha fé e fui impactado pelo testemunho dos missionários, com os quais andava diariamente. No correr do tempo, fui agraciado por Deus com a chance de servi-lo nao apenas com a minha escrita, mas também com o meu traço e com a minha criatividade. Sem mesmo planejar, me vi envolvido pelo design gráfico e pela edição de vídeo.

Em janeiro de 2008, o Alfa e Ômega vai realizar um projeto missionário diferente de tudo que já foi feito. Um projeto onde pessoas com inclinação para design, tradução, produção de textos, vídeos, fotografia e publicidade terão a chance de mudar a cara do movimento.Num tempo em que temos vivido a maior crise espiritual da história, tem sido um grande desafio chegar ao coração dos estudantes universitários. Apesar de sabermos que o conteúdo do evangelho não pode ser adulterado, ele precisa ser exposto de forma adequada a esses jovens.

Mas por que escrever sobre um pouco da minha vida para falar de um projeto missionário? Simplesmente para dizer que o quanto meu coração está nisso. Eric Lidell, o famoso corredor cristão, disse que Deus o havia feito veloz, e quando ele corria, podia sentir o prazer dEle. Guardando as devidas proporções, o mesmo acontece comigo. Quando meu lápis corre sobre uma folha de papel, ou passo horas à frente de um computador preparando material – atividades que normalmente não consideramos “espirituais” – sinto o prazer de Deus. Sinto Seu prazer porque essa é uma maneira profundamente pessoal de glorificá-lO.E esse é um sentimento que transcende a satisfação pessoal por se fazer o que gosta. Tem mais a ver com a consciência de que estou cumprindo o propósito para o qual Deus me criou.

2 comentários:

Liege Lopes disse...

Muito bom. Adorei! Me sinto privilegiada por desfrutar do seu trabalho. Saiba q cada coisa q vc faz, desde as mais artísticas, no conceito mais evidente da palavra, até aquelas que as vezes são "simplesmente" funcionais (como se ser funcional tb não exigisse arte)me toca o coração. Obrigada por me mostrar Deus em cada rabisco seu. Vc faz Deus parecer mais próximo e cada vez mais belo pra mim!

josé guilherme disse...

É UMA EXPERIENCIA IMPAR ESCREVER SOBRE NOSSOS SONHOS. É UM FILME QUE CONSTRUIMOS A CADA INSTANTE ONDE O DIRETOR SOMOS NOS MESMOS E O PROTAGONISTA DO FILME ADIVINHA!! SOMOS NÓS. E A PLATEIA PODE SER COMPARTILHADA COM TANTOS OUTROS. PARABENS!!!