segunda-feira, 9 de abril de 2007

Orkut, Orkut meu, quem é tão estranho quanto eu?

Resolvi fazer uma faxina no meu orkut. Se eu tivesse a noção do quanto isso seria trabalhoso, nem começaria, mas agora é tarde e não volto atrás. Enquanto eu deletava algumas comunidades, me perguntava o que realmente havia me levado a ingressar em algumas tão peculiares como "Seu Madruga pra presidente" ou "Quero Yakult de dois litros". Sei que, a essa altura do campeonato, o que não deve faltar é estudo socio-psico-ecomonicomportacional sobre o orkut, mas não sei se vocês já reparam que a maioria das comunidaes do orkut parace compartilhar da mesma natureza: a celebração das maluquices que fazemos (ou pensamos) e que achamos que ninguém mais no munda faz (ou pensa).

Eu costumava, em meio a muito espuma de xampu, segurar meu frasco de Seda com aloevera e agradecer à Academia por mais aquele prêmio. Entrava e saía ano e eu sempre ganhava um oscar. Imagine descobrir num belo dia que um ato tão idiossincrático como aquele era compartilhado poe milhares de pessoas. Eu não era tão estranho afinal - ou pelo menos não era o único. E esse sentimento vai se repetindo a cada vez que encontro mais gente que não sabe dar estrelinha, quer coca cola de vinte litros, teve um pogoball ou cursou Letras na UFRJ.

A cada dia fico mais convencido de que o Orkut é um sintoma moderno de um mal muito antigo: a dificuldade de se estabelecer uma conexão real com outra pessoa. O Orkut vem me parecendo nada mais que uma resposta superficial para um anseio extremamente profundo. Quem nunca encontrou ou foi encontrado por um velho amigo de escola? Quinze minutos de euforia e nada mais. Quem nunca recebeu um convite de alguém pra ser seu "amigo" e mal lhe cumprimenta aqui do lado de fora atire o primeiro mouse. Há sempre um bom número de exceções, claro.

Há coisas realmente boas. Eu, por exemplo descobri que tenho mais parentes que imaginava (haja Boldrinis nesse Brasil), mas isso não mudou nem um pouco a minha vida. Nem pra um cafezinho italiano a gente se convidou. A vida acontece do lado de fora do Orkut, mas não abro mão dele de jeito nenhum. Quem mais me lembraria do aniversário de mais de trezentas pessoas??

2 comentários:

Anônimo disse...

Mano Renner!
Quando vi um dos links para o Palavra Olvida pensei: que sacação! Minha curiosidade ficou aquém da minha preguiça, que me impediu por muito tempo de descobrir quem era o autor por traz da palavra.
Mas quando resolvi fazer que a palavra não ficasse mais olvidada, feliz e grata foi a surpresa de encontrar você aqui!
Só podia ser o Renner! "esse cara é missionário?"... frase que me enche de esperança! hehehe
vc acabou com seus cachos?
Sei como tomamos esse tipo de decisão... eu olho pro espelho e quando eu penso: "estou parecendo um mendigo", é quando vou pro barbeiro!
Abraço Mano Renner!
Até a próxima palavra!

Dri D disse...

Cara!!! Muito bom... adorei a reflexão!!! vc é tão inteligente mininu!!! Sua sensibilidade para interpretar ações corriqueiras é surpreendente! Valeu.